História da Cirurgia Plástica

RESPONSÁVEL PELO DEPARTAMENTO E PELO TEXTO : DR. LYBIO MARTIRE JUNIOR
plastica@lybiojunior.med.br 

 


A História da Cirurgia Plástica neste departamento está dividida em duas partes :

"HISTÓRIA DA CIRURGIA PLÁSTICA" e  "HISTÓRIA DA CIRURGIA PLÁSTICA BRASILEIRA" 

 

HISTÓRIA DA CIRURGIA PLÁSTICA
 
 Lybio Martire Junior
(O texto está no livro "O Alcance Atual da Cirurgia Plástica", Martire LJr., editora Astúrias, 2005)
 
Faremos um enfoque diferente da história desta especialidade analisando a evolução da mesma através dos tempos de forma sintética fazendo compreender como e por que ela evoluiu mais ou menos em determinadas  épocas e enfatizando os fatos mais importantes em cada momento histórico.
 
Em nosso entender, existem quatro fatores determinantes da evolução da cirurgia em geral e naturalmente, da Cirurgia Plástica.
 
São eles: necessidade, aspectos culturais, conhecimento anatômico e sucesso.
 
A necessidade sempre existiu. Desde a presença do homem na Terra, ocorreu o trauma, a lesão corporal e a patologia cirúrgica. Em determinados momentos ela aumenta, principalmente com as guerras e o aprimoramento de armas capazes de agredir em maior escala, como as armas de fogo a partir do Renascimento e as fabulosas máquinas de guerra do nosso século.
 
Os aspectos culturais (religiosos, sociais ou políticos) foram importantes, pois eles permitiram ou não, a realização de cirurgia,  facilitando ou dificultando se desenvolvimento. Também possibilitaram ou impediram o avanço dos estudos anatômicos.
 
O conhecimento anatômico foi condição vital para o avanço da cirurgia, pois conhecendo o corpo humano adequadamente, o médico teve possibilidade de atuar nele com menor probabilidade de erro. Os estudos anatômicos estiveram presentes em algumas culturas, é bem verdade, como na Índia do segundo  milênio a.C., mas é a partir do Renascimento, no século XVI, que tomaram impulso definitivo, principalmente, com Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius, este, com sua obra “De Humani Corporis Fabrica”, publicada em 1543, marco inicial da anatomia moderna.
 
O sucesso foi a condição que fez com que a cirurgia passasse a ser vista como um meio de tratamento e não mais como última alternativa. Foi ele que possibilitou a visão mais natural do procedimento principalmente por parte do paciente e da sociedade. Ele vai estar presente em percentual maior a partir dos estudos de Pasteur em meados do século passado e com a anti-sepsia cirúrgica idealizada por Lister em 1865.
 
Antes desse período, o insucesso, em grande parte das vezes com óbito do paciente, era freqüente. Cabe lembrar, todavia, que a Cirurgia Plástica, neste ponto levou vantagem, pois atuando em superfície e em órgãos com boa irrigação e conseqüentemente boa defesa, oferecia menor risco ao paciente.
 
Com base nessa premissa, fica fácil compreender a evolução da Cirurgia Plástica.
 
Em culturas como a babilônica, assíria e egípcia realizavam-se cirurgias, entretanto, havia penalidades para o insucesso. O rei Hamurabi da Babilônia formulou o primeiro código de leis da história das civilizações por volta de 1750 ªC. e nele regulamentava tudo, inclusive a atividade médica com castigos que variavam desde lesões corporais até a morte do cirurgião quando este falhava.
 
Nessas sociedades, as dissecções anatômicas não eram permitidas.
 
Contudo, o papiro de Edwin Smith (aprox. 2500 a.C.) é como que um “manual de cirurgia” fazendo referência a tratamento de fraturas mandibulares, nasais, cranianas, entre outros procedimentos cirúrgicos no   Egito antigo.
 
Na Índia e China a cirurgia  floresceu por volta do segundo milênio a.C. Na Índia principalmente, onde eram permitidas dissecções anatômicas e onde muitas tribos realizavam mutilações para estigmatizar os vencidos ou adúlteros como amputações nasais, auriculares e mesmo genitais, a cirurgia teve campo para desenvolver-se. Sushruta, o mais famoso cirurgião indu, deixou em seu livro orientação para o preparo e dissecção de cadáveres assim como descrição de instrumentos e técnicas cirúrgicas, entre elas, a reconstrução nasal por retalho frontal, conhecida como retalho indiano e tida como a mais antiga referência escrita da especialidade.
 
No quinto século a.C. com o aparecimento de Buda na Índia, Lao Tse e Confúcio na China, com novos conceitos religiosos e filosóficos humanitaristas preconizando a preservação do corpo sem alterações para a vida pós-morte, a cirurgia declinou.
 
Na  Grécia a medicina ganha o racionalismo e a ética. A religião não permitia dissecções anatômicas em cadáveres humanos, mas dissecavam-se animais. Hipócrates (século V a.C.) deixou descrições de inúmeros procedimentos relativos à Cirurgia Plástica como enfaixamentos, cuidados com a estética de curativos, e até mesmo preocupou-se com a calvície.
 
No século IV a.C., sob domínio macedônio, ocorre um fato interessante. Após a morte de Alexandre Magno em 323 a.C., aos 33 anos, vitimado por malária, o império dividiu-se entre seus generais. A Ptolomeu Soter coube o Egito e ele como governante permitia dissecções humanas “in vivo” nos indivíduos condenados à morte. Assim a medicina nesse período progrediu na anatomia e fisiologia, salientando-se nomes como Erasistrato, tido como o pai da fisiologia e Herófilo. Conseqüentemente a cirurgia da Escola de Alexandria foi desenvolvida.
 
Em Roma, as dissecções anatômicas também não eram permitidas pela religião mas como na Grécia, de quem ela absorveu também o conhecimento científico, dissecavam-se animais.
 
Celsus (século I d.C.) deixou inúmeras referências à cirurgia e à Cirurgia Plástica como realização de retalhos de pele, sutura e reconstruções nasais, auriculares e labiais em seu livro “De Re Medica” (Da medicina).
 
Galeno (século II d.C.) fez experimentos em animais, principalmente macacos, realizou também cirurgias reconstrutivas, tendo sido o mais famoso médico da Roma antiga.
 
A partir do V século com a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) a Europa mergulha em um caso social agravado por sucessivas invasões bárbaras. Guerreiros mais poderosos organizavam um feudo cercado por muralhas e ofereciam proteção aos menos favorecidos que se tornavam seus vassalos.
 
A religião passou  a assumir todo o poder comi que em um retrocesso aos primórdios das civilizações. Assim, o interesse pela medicina e cirurgia declinou pois os problemas do homem podiam ser resolvidos só e tão somente  pela religião.
 
Por um período de quase dez séculos o pensamento científico ficou praticamente estagnado restrito aos escritos deixados por Galeno e Hipócrates que foram guardados por monges nos mosteiros, principalmente Beneditinos.
 
Vale lembrar a presença dos árabes na Europa que lá estiveram por 700 anos e que tiveram o mérito de não destruir, ao contrário, guardar, estudar e enriquecer os conhecimentos hipocráticos e galênicos. Eles deram grande avanço à farmacologia, mas o corão não permitia a cirurgia, salvo em casos especiais.
 
Acredita-se, todavia, que por meio de sua ponte cultural, conhecimentos orientais, indús, passaram para o Ocidente.
 
No final da Idade Média havia médicos secretistas, ou seja, que guardavam o conhecimento de pai para filho e que realizavam reconstruções nasais. A mais famosa família secredista  foi a dos Branca no Sul da Itália.
 
Por volta do século IX, à sombra dos mosteiros começam a nascer nas novas escolas médicas (Salerno, Montpelier) e pouco mais tarde as Universidades (Bologna, Pádua, etc....) e de maneira sigilosa iniciam-se dissecções anatômicas até que o Papa Sixto V as autorizasse em meados do século XVI.
 
Neste momento estamos em pleno Renascimento, os estudos anatômicos autorizados pela Igreja propiciam o avanço da medicina.
 
A invenção da imprensa pouco antes, faz com que o pensamento científico seja divulgado e a ciência acorda de um sono de quase mil anos.
 
A Cirurgia Plástica tem seu grande e novo impulso com o trabalho de Gaspare Tagliacozzi publicado em 1597 descrevendo reconstruções nasais, auriculares e labiais com transplante pediculado de membro superior, conhecido como retalho italiano.
 
A necessidade de reparações aumenta com o uso crescente das armas de fogo.
 
Ainda no século XVI,  Ambroise Parré dá impulso à cirurgia propondo entre outras coisas, novas formas de tratamento para os ferimentos, praticando a ligadura das artérias em substituição à cauterização por azeite fervente como já fazia Giovanni de Vigo, foi ainda pioneiro nos processos de desarticulação do cotovelo e descreveu várias próteses braquias e faciais em “Dez livros de cirurgia” em 1564.
 
No século XVII salienta-se o tratamento das amputações e a proposta de James Yonge, cirurgião naval, fazendo retalhos de pele e músculo em substituição ao tradicional método circular nas amputações. Richard Wiseman descreveu múltiplos traumatismos faciais em  seu livro “Several chirurgical treatises” em 1676.
 
No século XVIII o Ocidente toma conhecimento, por publicação, o retalho indiano, através do “Magazine of  Gentleman”. Neste século a realização do  retalho frontal popularizou-se na Europa e Estados Unidos.
 
No século XIX a cirurgia dá maior passo da sua história com a descoberta da anestesia geral em 1846 por Willian T.G. Morton, e da anti-sepsia por Lister em 1865. Neste momento o interesse dos cirurgiões volta-se para o que até então era mais difícil de ser tocado, a cavidade abdominal. A anestesia aumenta a possibilidade e a anti-sepsia a margem do êxito.
 
Nesse século a Cirurgia Plástica não teve o mesmo avanço da cirurgia geral, mas salienta-se pela descrição de transplantes livres de pele (Reverdin, Ollier, Thiersch, Wolfe, Krause) a partir de 1869, de gordura (Neuber, 1893) e de dígitos (Nicoladone, 1898).
 
Finalmente chegamos ao século XX que logo ao seu início vive um conflito mundial com armas jamais utilizadas na história da humanidade, deixando um saldo inusitado de mortos e mais de doze milhões de feridos, entre estes, muitos mutilados faciais.
 
Constata-se, então a necessidade de formar profissionais dirigidos para as reparações corporais. Assim, a partir da I guerra mundial, a Cirurgia Plástica oficializa-se como especialidade médica, sendo um de seus impulsores sir Harold Gillies, neo-zelandês, que na Inglaterra muito fez pela Cirurgia Plástica trabalhando com mutilados da guerra.
 
A existência de especialistas, a necessidade crescente, a anatomia dominada e o sucesso consolidado somam-se às mudanças socioculturais a partir da  década de vinte, com a posição mais independente da mulher e a maior exposição corporal, pois enquanto antes, era apreciável a pele alva para não se parecer com um camponês, com a revolução industrial os trabalhadores internam-se nas fábricas passando eles a ter a pele clara, assim, como diferenciação, a cútis bronzeada passou a ser conceito de beleza. A cirurgia  estética então avança a passos largos, incorporando-se à sociedade como recurso dos mais utilizados para  obtenção de uma das finalidades primaciais da medicina: o bem estar do ser humano.
 

Bibliografia

 
1.     AVELAR, J.M.e MALBEC, E. – História Ciência  y Arte en Cirurgia Estética; Editora Hipócrates, 1990.
 
2.     DINGMAN, R.O. e NATVIG, P. – Cirurgia das Fraturas Faciais; Livraria Santos Editora, 1983.
 
3.     FARINA, R. – Cirurgia Plástica e Reparadora; Gráfica São José,. 1965.
 
4.     LYONS, A.S. e PETRUCELLI, R.J. -  Medicine – An Illustrated History; Harry Abrams, Inc. Publishers, 1987 (New York).
 
5.     THORWALD, J. – O Segredo dos Médicos Antigos. Melhoramentos, 1990.
 
 
 
HISTÓRIA DA CIRURGIA PLÁSTICA BRASILEIRA
 
                                                                               Lybio Martire Junior
(O texto é o Capítulo I  do livro "Cirurgia Plástica" editado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 2005)
 
 
Ao ser convidado pelo Prof. Dr. Miguel Modolin para escrever este capítulo, deparei-me com uma tarefa agradabilíssima, posto que, abordaria duas de minhas três grandes paixões na medicina – a Cirurgia Plástica e a História (a terceira é o ensino), mas, ao mesmo tempo, muito delicada, pois, tenho para comigo, que omissões, quando relacionadas a um fato situado em um passado por demais distante são desapercebidas, entretanto, quando se referem a uma situação contemporânea, ainda que involuntárias, desagradam e tornam-se imperdoáveis.
Adotando esse pensamento como um paradigma ao desenvolver o tema, optei por traçar um amplo e claro panorama do nascimento e do desenvolvimento da Cirurgia Plástica no Brasil citando os eventos mais marcantes, entretanto, apenas os nomes ligados às ocorrências primordiais ou aos fatos que alicerçaram e impulsionaram o nascimento, desenvolvimento ou a projeção da especialidade no período inicial (até o final da década de 40 do século XX), mesmo porque, são, na verdade, as raízes às quais estão ligados, direta ou indiretamente, praticamente todos os demais.            
Espero assim não cometer deslizes omissivos, todavia, aproveito para lembrar, que todos os cirurgiões plásticos brasileiros, de uma forma ou de outra, em maior ou menor intensidade, no passado e no presente, cada um a seu modo, têm contribuído inerentemente com a construção do imenso mosaico que é a História desta maravilhosa especialidade.
A cirurgia plástica é o procedimento cirúrgico mais antigo descrito, havendo referências a ela nos papiros de Ebers (3500 a.C), de Edwin Smith (2200 a.C.),  nas descrições de Sushruta na Índia (1750 a.C.), Hipócrates (V séc. a.C.), Celsus (I séc. d.C.), Galeno (II séc. d.C.), etc. É compreensível que assim tenha sido, uma vez que o trauma, naturalmente, atingiu o ser humano desde o princípio e o ferimento por ele provocado suscitou o cuidado.
Entretanto, as cirurgias plásticas, por um período muito longo de tempo, foram realizadas pelos cirurgiões em geral, ainda porque, as especializações médicas tais como as conhecemos começaram a surgir somente a partir do século XVIII.
Embora o termo Cirurgia Plástica tenha sido pela primeira vez usado em 1838 por Edward Zeis em seu livro “Handbuch der Plastichen Chirurgie” (Plastikós do grego, significa moldar, dar forma) só a partir da I Guerra Mundial (1914-1918) que ela se constitui em uma especialidade independente com formação de especialistas específicos.
No Brasil seu desenvolvimento dar-se-á de maneira análoga, ou seja, será realizada inicialmente por cirurgiões em geral, para mais tarde surgirem especialistas dedicados exclusivamente a ela.
Até 1807, o Brasil, como colônia, não dispunha de escolas de nível superior.
Com a vinda da família real portuguesa, D. João VI cria, estimulado pelo cirurgião-mor do reino José Maria Picanço (brasileiro de Recife - PE, formado em Lisboa), em fevereiro e em abril de 1808, as Escolas de Cirurgia, respectivamente a primeira na Bahia e a segunda no Rio de Janeiro, marcos do nascimento do ensino superior no país, tendo o curso quatro anos de duração. A partir de 1815 elas seriam elevadas à categoria de Academias de Medicina e Cirurgia e, a partir de 1832, tornar-se-iam Faculdades de Medicina passando o curso a seis anos de duração. Interessante é ressaltar que o ensino brasileiro nascia já bem estruturado, pois em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, nessa mesma época, em suas faculdades, o tempo de duração do curso médico era de apenas alguns meses. 
Em 1826, D. Pedro I desvincula o ensino médico brasileiro de Portugal, conferindo autonomia às escolas da Bahia e do Rio de Janeiro, pois até então era preciso, que os médicos nelas formados, mesmo após a Independência, obtivessem de Lisboa ou Coimbra a oficialização para o exercício profissional.
            É a partir deste período, portanto, que começa a haver uma medicina mais genuinamente brasileira com publicação de teses, trabalhos e livros em número cada vez mais significativo (embora o primeiro livro médico impresso no Brasil date de 1808).
            Em 1827 surge o primeiro periódico científico brasileiro.
            Em 1829 é criada a primeira agremiação de médicos do país, a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, mais tarde Academia Imperial de Medicina e após a proclamação da República, Academia Nacional de Medicina, nome com o qual permanece em nossos dias.
            Os primeiros trabalhos relativos à cirurgia plástica datam de 1842 (o que não significa, é claro, que não se tenham realizado cirurgias plásticas antes disso) e, obviamente, serão provenientes da Bahia e do Rio de Janeiro, cidades sede das faculdades de medicina existentes (únicas até 1899) e onde naturalmente estavam os maiores centros médicos do país de então.
            Os temas de trabalhos produzidos e publicados nesse período, sobre cirurgia plástica, são os mais variados, dos quais citamos alguns: “Considerações sobre o lábio leporino”, Joaquim Januário Carneiro (1842); “Considerações sobre rinoplastia”, João Baptista Lacerda (1843), “Diferentes causas de destruição dos lábios e paredes laterais da boca”, Pedro A. Vieira da Costa (1852), “Do princípio nervoso da queiloplastia e genoplastia”, Alexandre Mendes Calasa (1853), “Operações que reclamam as lesões dos lábios”, José Soriano de Souza (1860).
Sobre queimaduras há muitas publicações como as de  Joaquim Manoel de Almeida Vieira (1868); Paulino Pires da Costa Chastine (1869); João Telles de Menezes (1870); Casemiro Francisco Borges (1871); Francisco Dias César (1871); José Antonio Ribeiro de Araújo (1873); José Maria Velho Silva Junior (1873); Laurindo P. de Almeida Franco (1878); Antonio Calmon Oliveira Mendes (1878).
            Toda essa produção vinha, como não podia ser de outro modo, da Bahia e do Rio de Janeiro.
            Nas duas primeiras décadas do século XX, entretanto, novos centros médicos começam a despontar, pois são criadas novas Faculdades de Medicina que iniciam seu funcionamento em Porto Alegre, RS (1899); Belo Horizonte, MG (1911); Curitiba, PR (1912); São Paulo, SP (1913) e Belém, PA (1919).
Além disso, São Paulo com a industrialização, começa a ter um crescimento populacional estrondoso salientando-se no panorama nacional como uma grande metrópole.
            Assim, a partir desse período, trabalhos relativos à cirurgia plástica continuam sendo produzidos nos grandes centros da medicina brasileira do século XIX (Bahia e Rio de Janeiro), mas, começa a aparecer, entre eles, a produção científica dos novos núcleos médicos que estavam nascendo: “Diagnóstico do agente das queimaduras”, Eurípedes Clementino Aguiar, Bahia, (1902); “Dos métodos uretroplásticos empregados no tratamento de hipospádias”, Juscelino Monteiro Junior, Bahia, (1907); “As paralisias do facial”, Jaime Tigre de Oliveira, Rio de Janeiro, (1907); “Enxerto autoplástico de Thiersch”, Christiano Carlos de Souza, Rio de Janeiro, (1908); “Tatuagem”, Candido da Costa Soares, Rio de Janeiro, (1909); “Método de Thiersch na blefaroplastia”, A. Florence, São Paulo (1909); “Tratamento da ozena e das deformações do nariz”, Bueno de Miranda, São Paulo (1909); “Sobre o quelóide”, José Augusto Godinho, Rio de Janeiro, (1910); “Tatuagem e destatuagem”, Estevão Junot Barreiros, Porto Alegre, (1913); “Do enxerto de Ollier-Thiersch” idéias atuais, Nelson Maciel Pinheiro, Rio de Janeiro (1913); “Anomalias congênitas da mão”, Décio do Amaral Fontoura, Rio de Janeiro (1914); “Do tratamento do entrópio cicatricial e da triquiiases pelo processo de Lagleyse”, Lourenço Jordão, Porto Alegre, (1915); “Cirurgia estética”, José Rebello Netto, São Paulo (1915); “Correção dos genitais de um paciente hermafrodita”, David Rabello, Minas Gerais (1917); “Granuloma venério urceroso da boca”, Raul David de Sanson, Rio de Janeiro (1917); “Defeitos congênitos do lábio leporino”, Dagoberto Rodrigues de Souza, Rio de Janeiro (1919); “Hipertrofia mamária”, Zeferino Amaral (1919); “Anomalias congênitas dos dedos da mão”, Cláudio Costa, Bahia (1919); “Contribuição ao estudo da helioterapia nas queimaduras”, Francisco Hermano de Santana, Bahia (1920); “Autoplastias reparadoras da face”, Heitor Praguer Froes, Bahia (1922); “Generalidades da cura da fealdade”, Renato Kehl, São Paulo (1923); “Plástica nasal – Implantação da cartilagem do septo”, Raul David de Sansom, Rio de Janeiro (1926); “Cirurgia estética”, Desidério Stapler, São Paulo (1926); “Método de Wolfe - Enxerto de pele total”, Danton Malta, São Paulo (1927); “Cirurgia plástica da face”, Renato Machado, Rio de Janeiro (1929) entre muitos outros.
            Nessa época cirurgiões das várias especialidades procuravam obter conhecimentos em cirurgia plástica nos livros ou freqüentando serviços fora do país nos maiores centros de então, situados na Europa, contudo, não se dedicavam exclusivamente à cirurgia plástica e continuavam exercendo também outras atividades dentro da medicina. Alguns procuravam dedicar-se à estética como Antonio Pires Rebelo, que na década de trinta após voltar da Europa, montou no Rio de Janeiro uma clínica que denominou “Academia Científica de Beleza”, mas embora tenha realizado algumas cirurgias plásticas, dedicou-se à dermatologia estética.
Pode-se dizer que, nas primeiras três décadas do século XX a cirurgia plástica era considerada, como disse David Addler, uma terra de ninguém, pois não pertencia a alguém em particular nem a todos em geral.
            Vale lembrar que, nesses dias, as especializações eram feitas através do acompanhamento direto de um médico, o “mestre”, e quando o assistente se julgava capaz de exercer a profissão independentemente, passava a ter a sua própria clínica, intitulando-se especialista na área de sua preferência.
            É, entretanto, na década de trinta, em São Paulo, que surgirá a primeira clínica específica em cirurgia plástica, criada por José Rebello Netto na Santa Casa de Misericórdia. Sua inclinação pela especialidade pode ser notada em sua tese, de 1915, intitulada “Cirurgia Estética”.
            Ele criou o que é considerado o marco inicial do nascimento da especialidade no Brasil, porque começou a propiciar a formação de especialistas na área, dentro do país, o que até então não havia ocorrido, além de promover sua difusão.
            Em abril de 1930 o serviço de Cirurgia Plástica, criado por Rebello Netto, a célula mater da especialidade, intitulava-se Unidade de Cirurgia Plástica e fazia parte integrante do serviço de Otoni de Rezende. A partir de 1938 foi criado o Serviço de Cirurgia Plástica, no Pavilhão Conde Lara, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
            Rebello Netto promoveu também intercambio com cirurgiões plásticos de todo o mundo destacando-se entre eles: Sir Harold Gillies, Bames, Padget, Joseph entre muitos outros. Seus assistentes Alípio Pernet, Álvaro Duarte Cardoso, Victor Spina e Vladimir do Amaral originariam outros serviços de cirurgia plástica.             
Outro marco inicial é a criação, em 1933, da primeira Disciplina de Cirurgia Plástica em uma faculdade, por Antonio Prudente Meirelles de Moraes, primeiro catedrático de cirurgia plástica do Brasil, na recém fundada Escola Paulista de Medicina. Seus assistentes, Roberto Farina, Georges Arié, Linneu Silveira, Dino Bandiera e depois, Raul Loeb e Jorge de Moura Andrews, também fizeram suas escolas.
A criação destes dois serviços pode ser considerada o início da cirurgia plástica brasileira porque deu origem à formação sistemática de especialistas na área.
Embora existissem no país, nas primeiras décadas do século XX, médicos realizando cirurgias plásticas,como foi dito, dedicando a ela uma maior ou menor parte de seu tempo, como Gualter Gonçalves, David Rabello, Odilon Gonçalves em Minas Gerais; Roberto Freire, Renato Machado, Souza Mendes, Antonio Pires Rabelo, David Adler, no Rio de Janeiro; João Alfredo da Costa Lima, João Suassuna Filho, Caldas Bivar, Frederico Carvalheira, Gilson Machado em Pernambuco; Gottsmann, Otto Freusberg em Santa Catarina, entre outros, é a partir de Rebello Netto e Prudente, em São Paulo, que a especialidade é individualizada e passa a ter independência clínica dentro dos hospitais e nas faculdades e a formação começa a ser sistematizada. 
No final da década de trinta a cirurgia plástica brasileira já era conhecida e respeitada em outros países. Foi então, em 1939, que Ernesto Malbec da Argentina procurou por Antonio Prudente sugerindo a criação de uma sociedade que congregasse especialistas em cirurgia plástica de toda a América Latina. Malbec dizia que os países da América Latina sozinhos não dispunham de cirurgiões plásticos em número suficiente, como a própria Argentina, de onde ele vinha, para realizar o almejado, sendo imperativa a liderança do Brasil.
 Antonio Prudente passou a liderar o movimento e promoveu no início de 1940, em São Paulo, uma reunião no Hospital Alemão (atual Hospital Oswaldo Cruz) com esse objetivo.
Em 6 de julho de 1940, nesse Hospital, nova reunião foi realizada com onze participantes da América Latina, entre os quais, quatro cirurgiões brasileiros - Antonio Prudente, José Rebello Netto, Linneu Silveira e David Adler. Havia, além deles, três cirurgiões da Argentina, dois do Chile e dois do Uruguai. Ainda no mês de julho de 1940 no Hospital Alemão, foi realizada a sessão solene para a fundação da Sociedade Latino Americana de Cirurgia Plástica estando presentes à solenidade vinte e três cirurgiões plásticos sendo dez do Brasil (sete de São Paulo e três do Rio de Janeiro), oito da Argentina, dois do Chile, dois do Uruguai e um do Peru. Pelo Brasil participaram: Antonio Prudente (SP), José Rebello Netto (SP), Linneu Silveira (SP), David Adler (RJ), Georges Arié (SP), Lutero Vargas (RJ), Duarte Cardoso (SP), Georges da Silva (RJ), Carlos Caldas Cortese (SP), e Alípio Pernet (SP). Como primeiros membros titulares da S.L.A.C.P. irão figurar vinte e seis nomes sendo onze do Brasil.
Sua sede inicial foi em São Paulo, à rua Benjamin Constant, no consultório de Antonio Prudente.
            A cirurgia plástica brasileira começava a delinear seu papel de liderança na América Latina e a salientar-se mundialmente.
            Em 1941 foi realizado o primeiro Congresso Latino Americano de cirurgia plástica simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, de 06 a 12 de julho, tendo Antonio Prudente como Presidente e Rebello Netto como Presidente de Honra. Trinta e três anos depois, em 1974, durante o Congresso Latino Americano de Cirurgia Plástica em Caracas, na Venezuela, Portugal e Espanha juntaram-se à Sociedade, que a partir de então, passou a ser denominada Federação Ibero Latino Americana de Cirurgia Plástica.
            Em 1948 Rebello Netto teve a idéia de criar a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Assim, foi realizada reunião no dia 07 de dezembro de 1948, no Hospital Esperança, no morro dos ingleses, o hospital mais elegante de então, hoje Hospital Municipal Menino Jesus, em São Paulo e foi registrado o primeiro livro de atas com os nomes dos sócios fundadores: José Rebello Netto, Antonio Prudente, Souza Cunha, Lauro Barros de Abreu, Alípio Pernet, Antonio Duarte Cardoso, Victor Spina, Georges Arié, Roberto Farina, Carlos Caldas Cortese  e Paulo de Castro Correa.
            A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica foi oficialmente fundada na data acima referida, entretanto, foi realizada sessão magna solene de fundação em 14 de janeiro de 1949 no auditório da Biblioteca Municipal de São Paulo.
Seu primeiro presidente, como não podia ser diferente, foi Rebello Netto, de 1948 a 1950. O segundo presidente foi Antonio Prudente de 1950 a 1952.
O primeiro Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica foi realizado em 1956 em São Paulo.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) tornar-se-ia o órgão máximo da especialidade, conferindo o título de especialista, criando as regras para tal, credenciando e fiscalizando serviços para formação de especialistas, organizando congressos, etc.
            Claro que esse processo será gradual e ocorrerá ao longo do tempo.
A SBCP ficou inicialmente filiada à Associação Paulista de Medicina (APM), pois, não existia ainda a Associação Médica Brasileira (AMB) que surgirá apenas em 1951.
            A expansão da cirurgia plástica no Brasil, a partir da década de quarenta, em parte foi fruto do estímulo provocado pela criação das Sociedades Latino-Americana e Brasileira de Cirurgia Plástica, mas também, em grande parte, pelos cursos realizados de norte a sul do país por Rebello Netto, para o que ele era freqüentemente convidado.
            Na década de quarenta existiam também serviços de cirurgia plástica vinculados às clínicas de cirurgia geral de alguns hospitais, que originaram mais tarde serviços independentes.
Em São Paulo, por exemplo, no Hospital das Clínicas inaugurado em 1943, havia na segunda clinica cirúrgica, a de Edmundo Vasconcelos, vários departamentos de outras especialidades, entre os quais, o de cirurgia plástica sob a chefia de Carlos Caldas Cortese, que teve como assistente, a partir de 1949, William Ermete Callia que organizaria mais tarde o Serviço do Hospital do Servidor Municipal.
Em 1947, Ary do Carmo Russo foi encarregado de organizar o Serviço de Queimaduras do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Esta foi a primeira Unidade específica para o tratamento de queimados na América Latina.   
Havia também a terceira clínica, de Benedito Montenegro criada em 1948, na qual o responsável pela cirurgia plástica era Paulo de Castro Correa que havia estagiado fora do país e que criaria depois o Hospital dos Defeitos da Face, trabalhando com ele estava Aloísio Marcondes. Depois veio Roberto Milan que criaria o Serviço do Hospital Santa Catarina.
Somente em 1953 com a fusão da primeira e terceira clínicas cirúrgicas do Hospital das Clínicas, a fim de compor o departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina, foi aberto concurso para chefia da disciplina de cirurgia plástica e queimaduras tendo como vencedor Victor Spina, ex-assistente de Rebello Netto, que passou a chefiar o serviço, entretanto a parte de queimaduras continuou a cargo de Ary do Carmo Russo.
            No Rio de Janeiro, também na década de 1940, além dos já citados, como David Adler, havia Georges da Silva trabalhando em reconstruções após cirurgia de câncer, que mais tarde fundou o Serviço de Cirurgia Plástica do Instituto Nacional do Câncer e Paulo Marques de Souza que tendo freqüentado serviços na América do Norte, em 1946 passou a atender casos de urgência de queimados no serviço de dermatologia do Guilherme Malaquias, em 1947 passou a trabalhar no Hospital Miguel Couto e mais tarde criou o serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Servidor Público do Rio de Janeiro (IASERJ).
Ainda nessa década, no Rio de Janeiro, em 1949, Ivo Pitanguy iniciou suas atividades no pronto socorro do Hospital Souza Aguiar e posteriormente em 1954 criou o serviço de Cirurgia Plástica Reparadora da Santa Casa de Misericórdia sob sua chefia. Ivo Pitanguy contribuiria para a projeção internacional e difusão da especialidade e criaria uma das maiores escolas de cirurgiões plásticos brasileiros tendo discípulos distribuídos, além do Brasil, em vários outros países.
            A partir de 1950 os serviços de cirurgia plástica em hospitais nas capitais brasileiras e em outras cidades passam a se multiplicar, começando a surgir novos cirurgiões, especialistas com formação específica e dedicando-se integralmente à especialidade, que serão os pioneiros em cidades, estados e mesmo em regiões inteiras do país (exemplos desse pioneirismo são Antonio da Costa Estima na região Sul, Perseu de Castro Lemos no Nordeste, Fábio Rabello em Minas Gerais e depois em Brasília), criando suas próprias escolas, entretanto, a maioria, teve de alguma forma contato com os serviços anteriormente citados e criados por cirurgiões que iniciaram suas atividades até o final da década de 40 e que, em última análise, são as raízes primordiais da Cirurgia Plástica Brasileira.
            A década de cinqüenta será importante para o Brasil, também porque, além da expansão da especialidade nas várias regiões do Brasil, de norte a sul, técnicas brasileiras tornar-se-ão conhecidas mundialmente, como a mastoplastia de Georges Arié, de Pitanguy, a abdominoplastia de Callia, entre outras.
            A partir das décadas de sessenta e de setenta a cirurgia plástica brasileira já é vista como uma das melhores do mundo. São criados cada vez mais hospitais e clínicas, específicos na área, e pessoas de todas as partes vem ao Brasil buscar a habilidade de cirurgiões brasileiros ao mesmo tempo em que médicos de várias partes do mundo procuram serviços brasileiros para fazer a sua formação.
Na década de oitenta aumenta a procura pela especialidade e multiplicam-se os serviços credenciados. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica entende haver a necessidade de aumentar o tempo de especialização passando para dois anos o estágio em cirurgia geral e para três anos em cirurgia plástica, nos vários serviços por ela credenciados.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que teve início com apenas onze sócios fundadores, conta agora, em 2005, com 3.877 membros, sendo 1.000 titulares e 514 estagiários (residentes), o maior número de médicos em formação em cirurgia plástica em um país, em seus 79 serviços credenciados.
            Hoje, ao alvorecer do século XXI, a Cirurgia Plástica Brasileira, em todo o mundo, é tida como a mais conceituada.
            Vários fatores agregaram-se para que fosse atingido tal status.
Um país de costa continental e clima tropical, levando à maior exposição física, as características sócio-culturais locais de espontaneidade e abertura favorecendo-a, o culto à beleza física que é uma natural conseqüência, a diversidade étnica que originou a população brasileira produzindo os mais variados tipos físicos com as mais diversas alterações da forma corporal e o espírito criativo e artístico do brasileiro, sem dúvida foram fatores determinantes.    
Todavia, certamente, a atuação dos desbravadores da especialidade no Brasil, cujo trabalho pioneiro plantou a semente que gerou a árvore de ramificações frondosas, com frutos tantos, talvez por eles jamais imaginados e com os quais todos nos beneficiamos, foi o alicerce mais importante.
            Ficam, portanto, aqui registradas, especialmente a eles, a homenagem e a gratidão de todos nós.
 
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
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13. Santos, L. Filho. Pequena história da medicina brasileira. São Paulo: São Paulo Editora; 1966.
 
AGRADECIMENTO
 
 
            Agradeço ao Prof. Dr. Paulo de Castro Correia, fundador da SBCP, pelas úteis informações gentilmente concedidas.