Bettina Ferro de Souza
BETTINA FERRO
Por Cristina Alencar
Bibliotecária do Hospital Bettina Ferro de Souza, da Universidade Federal do Pará
Nasceu em 14 de maio de 1913, em Belém do Pará. Bettina recebeu um bom preparo no Colégio Paes de Carvalho nos idos de 1925-1929. Aos 16 anos, entra na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. De conhecimento elevado, escolheu a medicina por vocação e dedicação e foi educada nos ensinamentos do Cristianismo. Sua religiosidade estava presente nas suas atividades e no modo simples de ser.
Foi especialista em Clínica Médica e Cardiologia. Doou-se aos pobres na enfermaria Santo Antônio, nos Porões da Santa Casa de Misericórdia do Pará, procurando amenizar os sofrimentos dos pacientes que por lá foram atendidos. Dava-lhes um tratamento humanizado.
Em 1950, Bettina foi a primeira mulher a ministrar a cadeira de Propedêutica Médica na antiga Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, até então seleto reduto masculino, iniciando a sua trajetória acadêmica 15 anos depois de formada, como assistente sem remuneração. É sabido que esta disciplina não era fácil de ministrar. Mas a professora Bettina atuou com muita propriedade e de maneira maternal e tinha a paciência de repetir várias vezes, se assim fosse necessário, para que o aluno melhor compreendesse as aulas. Ao perceber que seus alunos anotavam o que ela falava, resolveu elaborar um Manual de Propedêutica Médica, com a colaboração de oito autores que foi publicado três vezes.
Bettina congregou muitos conhecimentos. Ao que se sabe, os primeiros cursos, na área da Cardiologia, ministrados em Belém, foram realizados por ela, em 1956. E, além disso, proferiu aulas em outras áreas como Pediatria, Gastroenterologia, etc. Desenvolveu trabalhos catequéticos na Igreja de São João Batista por mais de 50 anos. No universo religioso, encenou a peça As Pastorinhas nas paróquias de Belém.
Segundo informações obtidas na Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), no Rio de Janeiro, desde sua criação em 1943, somente duas mulheres presidiram esta entidade científica: a primeira Bettina Ferro (1970-1971) e depois Glaura Ferrer Dias Martins (1973-1974).
A médica contribuiu para as questões de saúde pública do Estado do Pará, atuou como membro de entidades científicas de cunho regional (fundou a Sociedade Paraense de Cardiologia em 1957) e nacional (Sociedade Brasileira de Cardiologia), sendo inclusive uma das primeiras e poucas mulheres a freqüentar o meio científico de sua época.
Após sua morte, em 16 de janeiro de 1993 seu nome é escolhido para denominar o Hospital Universitário da UFPA.
Bettina recebeu reconhecimento em vida e após o seu falecimento. Sabe-se, no entanto, que as homenagens prestadas a essa grande profissional ainda são poucas perto do quanto contribuiu à Clínica Médica e ao Ensino, pois o seu trabalho foi dedicado aos pacientes e alunos, tornando-se um exemplo a ser seguido. Recebeu congratulações com palmas, medalhas, títulos honoríficos e foi paraninfa e patronas de muitas turmas de medicina. Hoje, Bettina é nome de hospital.
REFERÊNCIA
ALENCAR, Ana Cristina Aguiar de. A trajetória de Bettina Ferro e sua contribuição para a ciência e a sociedade: um estudo para inclusão na biblioteca digital. 2009. 113 f. (Especialização Gestão da Informação em Bibliotecas Digitais) - Faculdade de Biblioteconomia, Universidade federal do Pará, Belém, 2009.