História da Neurologia e da Neurocirurgia em Minas Gerais

22/06/2011 23:36
HISTORIA  DA  NEUROLOGIA E DA NEUROCIRURGIA   EM  MINAS  GERAIS
 
 
Sebastião  Silva  Gusmão
José Gilberto de Souza

 

NEUROLOGIA

O início da moderna medicina em Minas Gerais coincide com a fundação da cidade de Belo Horizonte, em 1898 e, mais precisamente, com a fundação da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Com a criação desta Faculdade, médicos de outros centros, especialmente do Rio de Janeiro, instalaram-se na nova capital do Estado, dando início à prática e ao ensino das diferentes especialidades médicas.  Assim, a neurologia de Minas Gerais está intrinsicamente ligada à escola neurológica do Rio de Janeiro, fundada pelo Professor Antônio Austregésilo Rodrigues Lima (1876 - 1960)  (Austrgésilo, 1917 ; Ribeiro, 1940).
A Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, hoje  Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi  criada em 5 de março de 1911. Seu primeiro  catedrático de Clínica Médica foi Alfredo Balena, sendo também um dos seus fundadores e seu diretor de 1928 até 1949, quando faleceu. Como eminente clínico e professor,  cuidou de pacientes neurológicos e ensinou  clínica neurológica. Entre vários de seus trabalhos publicados, constam dois de Clínica Neurológica: “Epilepsia endócrina” (1924)  e “Novo processo terapêutico da choréa de Sydenham” (livro editado em 1926) (Corrêa e Gusmão, 1997 ; Salles, 1971 ; Salles, 1997).
No período em que a Neurologia era exercida pelos neuropsiquiatras três médicos exerceram em Belo Horizonte a Clínica Neurológica e ensinaram esta especialidade na Faculdade de Medicina:  Alvaro Ribeiro de Barros, Washington Ferreira Pires e Caio Líbano de Noronha Soares.
Na reunião da Congregação de 18 de janeiro de 1914 Álvaro Ribeiro de Barros foi eleito para a cadeira de Clínica Neurológica e Psiquiátrica. Doutorou-se em 1904 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Foi discípulo de Teixeira Brandão e de seu assistente Henrique Roxo. Além da Psiquiatria, e talvez mais do que  ela, a Neurologia era objeto de seu interesse. Sua tese de final de curso constitui valiosa contribuição ao estudo clínico dos reflexos cutâneos. Passou a residir em Belo Horizonte a partir de 1913. Assumiu, em 18 de janeiro de 1914, a cadeira de Clínica Neurológica e Psiquiátrica, vindo a ser   mestre consagrado por seus contemporâneos.  Designado pelo então presidente do Estado, Arthur Bernardes, orientou, a partir de 1920, as obras do Instituto de Neuro-Psiquiatria de Belo Horizonte. O hospital foi inaugurado em  1922 com o objetivo de cuidar de casos neurológicos e psiquiátricos, pois naquela época as duas especialidades ainda não se haviam separado, sendo exercidas pelos neuropsiquiatras. Foi projetado com instalações e programa considerados excelentes na época. Álvaro de Barros seria o diretor, mas faleceu poucos dias antes de assumir (30 de agôsto de 1922). A denominação do hospital foi mudada, em 1924, para Instituto Raul Soares, em homenagem ao Presidente do Estado falecido naquele ano. Álvaro de Barros foi autêntico intelectual, cuja curta vida se consumiu tôda entre livros.  Possuia a mais vasta e valiosa biblioteca que, em seu tempo, existia em Belo Horizonte. Logo após sua morte, o governo a adquiriu para o Instituto Raul Soares (Corrêa e Gusmão, 1997 ; Libano, 1989).  Conforme Pedro Salles (1971, 1977), Alvaro de Barros é dos mais ilustres representantes de nossa medicina, ultrapassando sua projeção ao âmbito puramente profissional para refletir-se nos domínios da cultura filosófica, do humanismo e da literatura. Era homem de vasta inteligência, sólida cultura e extenso saber médico, dedicando-se com especial afeto à Neurologia.
Washington Ferreira Pires (1892 - 1970) diplomou-se pela  Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1914. Foi interno dos Professores  Antônio Austregésilo e Miguel Couto.  A partir de 1922,  regeu a cadeira de Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte e, em 1926, após  aprovação em concurso,   se empossa na Cátedra. Dedicou-se também à política, tendo sido  Deputado Estadual (1923-1930) e  Federal  (1930-1937) e   Ministro da Educação e Saúde Pública (1932 - 1934). Publicou vários trabalhos no campo da Neurologia (Corrêa e Gusmão, 1997).
 Caio Líbano de Noronha Soares foi Assistente de Clínica Neurológica de 1928 a 1931. Em 1932,  com o afastamento de Washington Pires para  assumir o cargo de Ministro da Educação e Saúde, assume a regência da Cátedra até 1934. Homem de invulgar inteligência e grande capacidade de trabalho, exerceu diferentes atividades médicas. Foi das maiores expressões da Neuropsiquiatria de Minas Gerais, tendo publicado vários trabalhos originais. Na avaliação de José Geraldo Albernaz, Caio Líbano era o maior conhecedor da  Neurologia entre os neuropsiquiatras (Corrêa e Gusmão, 1997).
Até a década de 50 a Neurologia foi exercida em Belo Horizonte pelos antigos neuropsiquiatras e pelos primeiros neurocirurgiões, Moacyr Bernardes e Francisco José Rocha.  José Geraldo Albernaz e Gilberto Belisário Campos introduziram em nosso meio a moderna Neurologia.
José  Geraldo  Albernaz concluiu o curso médico em 1946 na Faculdade de Medicina da UFMG. Em 1948 se dirigiu aos EUA para obter seu preparo como especialista. De 1948 a 1953 cumpriu formação em  Neurologia e Neurocirurgia na Universidade de Illinois, em Chicago, EUA, sob a orientação de Paul Bucy e Percival Bailey. Em 1953 iniciou o exercício da Neurologia e da Neurocirurgia em Belo Horizonte, no Hospital Felício Rocho. Simultaneamente aceitou para treinamento médicos recém-formados e estudantes de medicina interessados em Neurologia. Em 1962 iniciou programas oficiais de residência no Hospital Felício Rocho para formação de especialistas em Neurologia e Neurocirurgia. Em 1955 apresentou a tese “Considerações sobre Tumores das Meninges”, sendo aprovado nos exames de habilitação à docência livre de Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina  da UFMG.  Em  1962 torna-se Professor Catedrático de Clínica Neurológica após aprovação em concurso no qual defendeu a tese “Estudo Experimental sobre a Inibição da Atividade do Sistema Eferente Gama por Estimulação da Substância Negra. Sua relação com o Parkinsonismo”. Organiza o Serviço de Neurologia e Neurocirurgia e inicia a Residência Médica em Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da UFMG. Em 1968 transferiu-se para os Estados Unidos passando a fazer parte do Medical College of Ohio em Toledo, Ohio, EUA.  Além das três teses já mencionadas, publicou mais de quarenta artigos científicos em revistas médicas nacionais e internacionais. Na década de 50 o Professor Albernaz foi o pioneiro da moderna neurologia mineira, até então exercida pelos neuropsiquiatras e, juntamente com Moacyr Bernardes e Francisco Rocha, da neurocirurgia, cujos procedimentos eram, então, alçada da cirurgia geral (Corrêa e Gusmão, 1997 ; Gusmão e Souza, 1997).
Gilberto Belisário  Campos, após diplomar-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1958, iniciou sua formação em Neurologia e Neurocirurgia como assistente voluntário e médico estagiário da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG, sob orientação do Professor José Geraldo Albernaz. No segundo semestre de 1959 passou a bolsista na Universidade de Wisconsin, EUA. Nesta Universidade teve formação em Ciências Neurológicas Básicas sob a orientação de C. Woolsey, em Neurologia, sob a orientação de F. Forster e, em Neurocirurgia, sob a orientação de M. Javid. Juntamente com C. Woolsey e W. I. Welker, realizou então vários trabalhos de pesquisa, hoje clássicos, relacionados ao estudo comparativo da organização das áreas sensoriais e motoras (mapeamento) por métodos eletrofisiológicos e anatômicos entre várias espécies animais. Em setembro de 1963 foi aprovado no concurso do «American Board of Neurology and Psychiatry» Retornou ao Brasil no final de 1963, iniciando atividades docentes no Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG. Em 1964 realizou, juntamente com José Geraldo Albernaz, então professor catedrático, a organização do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia. Em 1968, com a transferência do Professor Albernaz para os Estados Unidos, passa a dirigir o Departamento de Psiquiatria e Neurologia e os  Serviços de Neurologia e Neurocirurgia. No período de setembro de 1970 a maio de 1971 foi professor pesquisador do Laboratório de Neurologia Comparada do Departamento de Biofísica da Universidade do Estado de Michigan - USA, sob a chefia do Professor J. I. Johnson Jr., onde trabalhou em projetos de estudos de cérebros de marsupiais.
 Gilberto Belisário Campos iniciou em nosso meio a pesquisa neurofisiológica experimental comparada e a eletroneuromiografia. Publicou vários trabalhos de pesquisa básica na área de Neurofisiologia e de Clínica Neurológica em periódicos nacionais e estrangeiros. É autor, juntamente com Sebastião Gusmão, do livro : «Exame Neurológico - Bases Anátomo-Funcionais». Em 1974 defendeu  tese de Livre-Docência «Estudo longitudinal da ocorrência da ataxia-telangiectasia e persistência de forame parietal alargado em uma família» e em 1981 foi aprovado em concurso para Professor Titular do Departamento de Psiquiatria e Neurologia.  Foi responsável pela formação de vários neurologistas e neurocirurgiões e presidente da Academia Brasileira de Neurologia (biênio 1984 - 1986). Aposentou-se em 1991 e em 1997 foi eleito Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (Corrêa e Gusmão, 1997).
 
NEUROCIRURGIA
 
O início da neurocirurgia em Minas Gerais está logicamente  ligado  à evolução da especialidade no mundo e no Brasil. Por tal motivo  resumiremos antes a evolução da neurocirurgia no exterior e em nosso país. 
Embora a neurocirurgia como especialidade cirúrgica seja   conquista das duas últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX, procedimentos   atualmente  reconhecidos como desta área vieram sendo realizados muito antes.  As trepanações (abertura intencional do crânio) já eram realizadas no período neolítico eurasiático e na América pré-colombiana (Broca, 1866 ; Souza e Gusmão, 1994). De fato, a trepanação do crânio está entre os   mais antigos procedimentos cirúrgicos documentados.
 De  acordo com Horrax (1952), a história da neurocirurgia na idade moderna pode ser dividida em três períodos:  pré-Lister (1700-1846),  pré-Horsley  (1846-1890) e  da neurocirurgia como  especialidade cirúrgica ou período da moderna neurocirurgia (de 1890 até nossos dias).
-Período pré-Lister (1700-1846)
 As intervenções sobre o crânio, executadas até o surgimento da medicina moderna na metade do século XIX, se restringiam quase apenas ao tratamento das fraturas do crânio e à drenagem de possível hematoma extracerebral e de coleções purulentas associadas (Ballance, 1922; Horrax, 1952). Assim, Littré (1898), em 1898, define trepanação como “a aplicação do trépano, que se pratica ordinariamente sobre o crânio, particularmente para tratar os acidentes de compressão cerebral por fragmento ósseo afundado ou por coleção de sangue”. Na primeira metade do século  XIX as trepanações ainda eram realizadas  com poucass modificações  em relação às técnicas da antiguidade clássica.
Os principais cirurgiões do século XVIII a realizarem procedimentos neurocirúrgicos   foram  Jean Louis Petit (1674-1750), Percival Pott (1713-1788) e John Hunter (1726-1793). Na primeira metade do século  XIX, Baron Larrey (1766-1842), Astley Cooper (1768-1841) e Guthrie (1785-1856)  relataram suas vastas experiências no tratamento do trauma cranioencefálico (Horrax, 1952).
 
-Período pré-Horsley  (1846-1890)
Este período inclui os 44 anos que se seguiram à descoberta  da anestesia (éter, em 1846, e clorofórmio, em 1848) e da antissepsia (Lister, em 1867), as quais  possibilitaram a eclosão da moderna cirurgia. Nesta  época, Broca  (1861) iniciou a determinação das localizações cerebrais, no que foi seguido pelos trabalhos experimentais de Fritsch e Hitzig (1870) e pelas observações neurológicas de Charcot, Gowers e Hughlings Jackson, possibilitando o início da cirurgia de remoção dos tumores cerebrais e intrarraquianos previamente localizados pelo exame neurológico (Ballance, 1922 ; Horrax, 1952).
 Dos  tempos pré-históricos até o advento da anestesia, da antissepsia e do conhecimento das localizações cerebrais, os cirurgiões gerais trataram lesões do sistema nervoso consequentes a  traumas (afundamento craniano, hematoma e abscesso extracerebral). Entre 1846 e 1890 poucos cirurgiões mais ousados iniciaram a remoção de tumores cerebrais e intrarraquianos,  com sucesso em poucos casos.   Entre eles destacam-se: Godles, Horsley, Macewen, Keen e Bergmann (Ballance, 1922; Horrax, 1952).
-Período da neurocirurgia como  especialidade  ou período da moderna neurocirurgia (de 1890 até nossos dias).
Sir Victor Horsley (1857-1916) e Harvey Cushing (1864-1939) são os pioneiros da moderna neurocirurgia. Horsley é reconhecido como o pai da neurocirurgia. Ele chegou à cirurgia do sistema nervoso por meio da fisiologia experimental. Estimulado pelas publicações de Fritsh e Hitzy, e de Ferrier, realiza pesquisas sobre localizações cerebrais por meio da estimulação do sistema nervoso de primatas. Usou tais estudos   como base para a neurocirurgia. Horsley foi o primeiro cirurgião a dedicar a maior parte de sua atividade cirúrgica à neurocirurgia (Paget, 1919). O próprio Cushing aclamou Horsley como o verdadeiro pioneiro da neurocirurgia ao afirmar: “In January of 1886 the Neurological Society of London had been founded with Hughlings Jackson as its first President, and with Horsley, though primarily a surgeon, as one of the original members. So, from the first, he sat with his peers, and when a month later (February 9, 1886) he was appointed surgeon to the National Hospital for the Paralyzed and Epileptic, Queen Square, the birth of modern neurologic surgery may properly be assumed to have taken place“ (Fulton, 1946). Embora Horsley tenha publicado alguns casos de cirurgia neurológica entre 1880 e 1890, foi somente após esta última data que sua intensa experiência  neurocirúrgica teve início, sendo este o motivo de Horrax (1952) escolher o ano de 1890 para  marco do início da neurocirurgia como especialidade.
No início do século XX,  Cushing começa sua atividade  de neurocirúrgião. Sua técnica, caracterizada por cuidados extremos com a antissepsia, a hemostasia e as manobras delicadas sobre o sistema nervoso, determinou notável   melhora   nos resultados  em relação a seus predecessores.  Por meio de   realizações técnicas e contribuições experimentais, criou sua consagrada escola neurocirúrgica  e consoldou  as bases da moderna neurocirurgia (Ballance, 1922; Fulton, 1946; Horrax, 1952).
-Neurocirurgia no Brasil
A moderna cirurgia brasileira teve início no final do século XIX, especialmente no Rio de Janeiro com as obras de Cândido Borges Monteiro,  Chapot-Prévost, Andrade Pertence, Domingos de Góes e  Vasconcelos, Paes Leme e Augusto Brandão Filho (Salles, 1971).
Nas duas primeiras décadas do século XX, os casos de neurotraumatologia e abscessos cerebrais eram operados pelos cirurgiões gerais nos principais centros médicos do país. Dentre estes, destaca-se o Professor Brandão Filho (1881-1957), catedrático de cirurgia da Universidade do Rio de Janeiro, denominado o Príncipe da Cirurgia Brasileira. Além da cirurgia para o trauma craniano, tentou  a cirurgia dos  tumores cerebrais, mas não teve sucesso, porque lhe faltavam as condições fundamentais de formação de um neurocirurgião.
A moderna neurocirurgia brasileira  nasceu   de José Ribe Portugal e Elyseu Paglioli,   que fundaram as duas primeiras escolas neurocirúrgicas no país. Em 1928, em visita aos serviços de Cushing e Frazier, o Professor Antônio Austregésilo, pioneiro da neurologia no Brasil e primeiro professor catedrático desta especialidade na Universidade do Rio de Janeiro, ficou vivamente impressionado com a neurocirurgia americana  e com os métodos precisos de diagnóstico, que naquela época constavam da ventriculografia e da pneumoencefalografia, idealizadas por Dandy em 1918. Imediatamente após o regresso dos EUA, determina criar o serviço de neurocirurgia.  Convoca Portugal que, no mesmo ano, inicia a neurocirurgia no Rio de Janeiro.  Paglioli, após realizar  estágio de oito meses em  Paris  com Thierry De Martel, o pioneiro da neurocirurgia francesa, inicia, em 1931, a neurocirurgia em Porto Alegre.
-Neurocirurgia em  Minas Gerais
Levando em consideração o atraso cronológico que os avanços na cirurgia gastaram para chegar até o Brasil e, mais especificamente, até Minas Gerais, a história da neurocirurgia nesse Estado  pode também ser reconstituida segundo a divisão proposta por Horrax (1952).
No período pré-Lister, deve ser incluída a primeira intervenção neurocirúrgica relatada no Brasil,  descrita no livro Erário Mineral, do médico português Luis Gomes Ferreyra, publicado em Lisboa, em 1735 (Ferreyra, 1735). Trata-se de trauma cranioencefálico, com fraturas expostas e afundamento ósseo, causados pela queda de galho de árvore sobre a cabeça de um escravo, na região de Sabará, em 1710. Ferreira retirou os fragmentos ósseos afundados, fez hemostasia, protegeu a falha óssea e aplicou aguardente na ferida, até a cicatrização completa.            O paciente recuperou-se, voltando  ao trabalho, permanecendo como sequela o fato de “falar alguma palavra com menos acerto”.
Luis Gomes Ferreyra exerceu a medicina nas cidades de Sabará e Vila Rica, em Minas Gerais, por mais de 20 anos. Em 1735 publicou, em Lisboa, o Erário Mineral, no qual relata sua experiência médica (Salles, 1971). Dividido em 12 capítulos, denominados no livro de Tratados, descreve as doenças mais comuns na região no começo do século XVIII e a respectiva terapêutica, baseada principalmente em plantas locais.
O Erário Mineral   é o quinto  livro médico escrito no Brasil (Salles, 1971). Os quatro primeiros foram escritos em Pernambuco. O primeiro é o De Medicina Brasiliensi, editado em latim na cidade de Amsterdam, em 1648, como parte da História Naturalis Brasiliae, de George Marcgrave. O autor do texto médico é Guilherme Piso18 (forma latinizada de Willem Pies), médico de Maurício de Nassau, que clinicou no Brasil de 1637 a 1644. Os outros três foram publicados em português e editados em Lisboa. São, por ordem cronológica: Tratado Único das Bexigas e Sarampo, de Simão Pinheiro Mourão, de 1683; Tratado Único da Constituição Pestilencial de Pernambuco, de João Ferreira Rosa, de 1694; Notícias do que é o Achaque do Bicho, de Miguel Dias Pimenta, de 1707 (Duarte, 1956). Nestas quatro obras não há qualquer relato de intervenção neurocirúrgica, sendo,  portanto, o caso descrito no Erário Mineral o primeiro   no Brasil (Souza e Gusmão, 1994).
Tendo por referência a evolução do tratamento do trauma craniano com fratura e afundamento ósseo, podemos dizer que o procedimento praticado por Luis Gomes Ferreyra, ou seja, a retirada dos fragmentos ósseos afundados, era o preconizado na época e é, em essência, o realizado nos dias atuais. É surpreendente, diante das precárias condições da medicina brasileira no início do século XVIII, que o procedimento realizado por Luis Gomes Ferreyra  corresponda ao que era preconizado pela elite dos cirurgiões europeus da época e insere-se na tradição da medicina científica desde Hipócrates.
Na segunda metade do século XIX, na Europa, a cirurgia neurológica era realizada por alguns ousados cirurgiões gerais. Esse período corresponde em Minas Gerais à primeira metade do século XX. A moderna cirurgia em Minas Gerais nasceu no  início do século XX  com a obra de Hermenegildo Rodrigues Vilaça (1860-1936), em  Juiz de Fora, Eduardo Borges da Costa (1880-1950), em Belo Horizonte e Alphonse Marie Edmond Pavie (1868-1954)), em Itamarandiba (Gusmão, 1995). Destes,  Borges da Costa, pioneiro da moderna medicina em Belo Horizonte e primeiro professor de cirurgia da Faculdade de Medicina de Minas Gerais, aventurou-se na área da cirurgia do sistema nervoso, sendo o primeiro a praticá-la em Minas Gerais. Outros dois professores de cirurgia desta mesma Faculdade, Otaviano Ribeiro de Almeida e Rivadávia Versiani  Murta de Gusmão, também realizaram, na primeira metade do século XX, cirurgias do sistema nervoso (Halfeld, 1971 ; Salles, 1997). 
Eduardo Borges Ribeiro da Costa (1880-1950) durante o curso médico na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, trabalhou ativamente nos serviços de Domingos de Góes e de Paes Leme. Formou-se em medicina em 1904, seguindo, logo após,  para a Europa,  permanecendo por dois anos em Paris, Berlim e Viena,  seguindo os ensinamentos dos mestres Doyen, Albarran, Bier e Von Bergmann. Em 1906, após retornar da Europa, dirige-se para Belo Horizonte, há pouco instalada como a nova capital mineira. Assume a chefia do serviço de Clínica Cirúrgica da   Santa Casa de Belo Horizonte, fundada em 1901. Desenvolve intensa atividade profissional na cidade e cercanias. Os livros da Santa Casa registram, desde 1906, operações difíceis realizadas por Borges da Costa, que mostram ter a cirurgia saído da fase da aventura para constituir-se em terapêutica usual. Não existindo, até 1933, um hospital de pronto-socorro em Belo Horizonte, a  maioria dos casos de urgência era encaminhada a Borges da Costa e seus auxiliares, na Santa Casa. A 26 de março de 1911, juntamente com outros onze membros da Associação Médico-Cirúrgica de Minas Gerais, participa da fundação da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Em 25 de junho de 1911, toma posse na cadeira de Clínica Cirúrgica. Em 1915, inicia Borges da Costa o ensino de Clínica Cirúrgica na  Santa Casa e cria fecunda escola de formação de cirurgiões. Com a morte do primeiro diretor, Cícero Ferreira, a 14 de agosto de 1920, Borges da Costa assume a direção da Faculdade de Medicina, dirigindo-a  até 1926. Em 1918 parte para a Europa como membro da Missão Médica brasileira na Primeira Guerra Mundial. Permanece por oito meses na França, praticando cirurgia de guerra. A partir de 1920, com o apoio do presidente Arthur Bernardes, inicia a construção de um instituto para pesquisa e tratamento do câncer. Em 7 de setembro de 1922, inaugura-se o Instituto do Radium (depois Hospital Borges da Costa),  primeira instituição no país dedicada ao tratamento do câncer. Em 1923,  participa da delegação científica que representa o Brasil nas festas comemorativas do centenário de nascimento de Pasteur em Estrasburgo e Paris. Permaneceu, por mais algum tempo, em Estrasburgo, estagiando com  Sancert e, em Paris, com Nageotte.  Praticou os mais variados tipos de cirurgia, ensaiando também a neurocirurgia, com craniectomias e laminectomias (Corrêa e Gusmão, 1997; Halfeld, 1971; Salles, 1997). Pedro Nava (1985), o maior memorialista brasileiro e que foi aluno de Borges da Costa em 1926, retrata na obra Beira-Mar  o grande mestre da cirurgia mineira:  « Nos meus tempos de seu aluno vi-o praticar não só o grosso da cirurgia, como o que eram as finuras das operações de estômago, duodeno, vesícula, rim, ureter, bexiga. Sistema nervoso também: assisti trepanações feitas por tumor encefálico e por ferimento penetrante do crânio,  por bala. Este um dos mais curiosos que assisti. O projétil  tinha entrado na testa, já sem força, perdera a direção, fora raspando a calota, deixara o cérebro intacto e mestre Borges foi pescá-lo na região ocipital mediante dupla trepanação. Lembro dele nesse dia, dando os detalhes e as dificuldades do que fizera e tendo na mão o trépano de Doyen cujas excelências ele gabava. Vejam os senhores o astucioso engenho desse dispositivo de segurança que vai estacar a coroa do instrumento assim que ele vinga a tábua interna, impedindo, assim, sua penetração e afundamento nas meninges e na massa encefálica. E vinham ali suas reminiscências de Doyen. »
Otaviano Ribeiro de Almeida (1886-1940) nasceu em Diamantina e  formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,  em 1913. Veio clinicar em Belo Horizonte em 1917, sendo-lhe confiada uma enfermaria de Clínica Cirúrgica na Santa Casa. Em  1920 conquista a cátedra  de Clínica Cirúrgica. Criou, nos anos que se seguiram, uma verdadeira escola de cirurgiões, preparando inúmeros profissionais que se notabilizaram mais tarde como grandes médicos. Não se limitou à prática da cirurgia geral, tendo também executado vários procedimentos de cirurgia especializada, inclusive no campo da cirurgia neurológica. Ocupou por duas vezes o cargo de Reitor da Universidade de Minas Gerais ( Corrêa e Gusmão, 1997; Miraglia, 1971; Salles, 1997).
Rivadávia Versiani Murta de Gusmão (1893-1963) nasceu em Arassuaí (MG). Foi o primeiro aluno matriculado na recém fundada Faculdade de Medicina de Minas Gerais, concluindo o curso em  1918. Em 1923 foi nomeado assistente da primeira Clínica Cirúrgica, serviço do Professor Borges da Costa. Em 1929 foi nomeado assistente do Serviço de Clínica Cirúrgica da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e, a partir de 1933, passa a chefiar esse Serviço. Em 1935  foi empossado, após concurso, na Cátedra de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental. Exerceu grande atividade cirúrgica e didática, sendo responsável pela formação de vários cirurgiões e publicou diversos trabalhos científicos. Além da cirurgia geral, dedicou-se também à cirurgia neurológica (craniotomias e laminectomias), sendo  pioneiro, em nosso meio, da rizotomia do gânglio de Gasser para o tratamento da neuralgia do trigêmeo5. Teve, ainda, o mérito de inspirar e orientar seu aluno Francisco José Rocha  para a cirurgia do sistema nervoso (Corrêa e Gusmão, 1997).
O início da neurocirurgia como especialidade em Minas Gerais ocorreu nas décadas de 40 e 50 e foi obra de  três pioneiros: Moacyr Bernardes, Francisco José Rocha  e José Geraldo Albernaz. Para melhor relato da biografia destes pioneiros, além das obras consultadas, realizamos, também,   entrevistas com  os dois últimos, cujos registros audiovisuais encontram-se no Centro da Memória da Medicina de Minas Gerais, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
Moacyr Bernardes nasceu em Dores do Indaiá-MG, a 19 de julho de 1904. Formou-se em medicina pela antiga Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1931. Em 1937 seguiu para a Europa, a fim de fazer um curso de especialização em neurocirurgia, tendo permanecido por um ano em Berlim, no Serviço do Professor Wilhelm Tönnis. Em Berlim, dirigiu, durante algum tempo, o Departamento de Neurorradiologia, em substituição ao chefe do Serviço, convocado para um estágio militar no período que antecedeu  à Segunda Guerra Mundial. Completado o curso em Berlim, seguiu para Paris, onde estagiou no Serviço do Professor Marcel David. Regressando ao Brasil, exerceu o cargo de assistente da Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, cujo titular, o Professor Washington Ferreira Pires,  possibilitou-lhe  instalar  pequeno Serviço de Neurocirurgia. Começou a operar no Instituto Raul Soares, onde realizou inúmeras leucotomias, operações muito utilizadas na época. Passou  a usar a angiografia cerebral, sendo um dos primeiros a utilizá-la no Brasil, bem como a ventriculografia. Em 1946, fez  viagem de estudos à Suécia, onde frequentou o Serviço de Neurocirurgia do Professor Herbert Olivecrona, um dos  expoentes da neurocirurgia mundial,  que lhe proporcionou excelente acolhida em sua clínica no Seraphimer Lazzaret, de Estocolmo.  Regressando a Belo Horizonte, foi contratado para o cargo de neurocirurgião do Hospital de Pronto Socorro. Todo o serviço de assistência aos portadores de traumatismos cranioencefálicos, cuja frequência àquela época já era considerável, foi montado inteiramente às suas expensas, equipado com moderno instrumental de sua propriedade, adquirido em Estocolmo e em Paris. Foi auxiliado em sua prática cirúrgica por Francisco José Rocha, José Gilberto de Souza e Guilherme Cabral Filho, todos futuros chefes de serviços e criadores de escolas neurocirúrgicas. Voltou inúmeras vezes à Europa, sobretudo à Alemanha, Suécia e França, onde contava com sólidas amizades, freqüentando sempre os serviços de maior projeção e participando de   congressos. Foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Faleceu em 22 de dezembro de 1973 (Cabral, 1974). 
Francisco José Rocha nasceu em Sete Lagoas-MG, a primeiro de novembro de 1920. Formou-se  pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1944. Ainda como estudante fez sua formação em cirurgia geral com os professores Rivadávia de Gusmão e Sálvio Nunes. Logo após a graduação, dirige-se para a cidade de João Monlevade, onde exerce a clínica e a cirurgia geral. Retorna a Belo Horizonte no início de 1947 e, desta data até  1950, trabalha como  Assistente da Clínica Cirúrgica da Santa Casa de Belo Horizonte e de Técnica Operatória da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, sob a orientação do Professor Rivadávia de Gusmão. Aí completa sua formação em cirurgia geral, acompanha as intervenções sobre o sistema nervoso (rizotomia retrogasseriana, alcoolização do nervo trigêmeo e laminectomia) realizadas por Rivadávia de Gusmão, e começa a se interessar pela neurocirurgia. A  decisão de se dedicar à cirurgia neurológica ocorreu em janeiro de 1948, quando o Dr. Geraldo Roëdel, neurologista, diagnosticou um abscesso cerebral em  paciente internado na Santa Casa e lhe solicitou   o tratamento cirúrgico. Francisco Rocha submeteu o paciente à angiografia cerebral, realizando o diagnóstico topográfico da lesão  que foi operada com sucesso. Nos dois anos seguintes continua a operar casos neurológicos e, em 1949, por orientação do Professor Rivadávia de Gusmão, visita o Serviço do Professor Portugal, no Rio de Janeiro. Em  1950, já decidido a dedicar-se exclusivamente à cirurgia neurológica,  por meio de uma bolsa obtida pelo provedor da Santa Casa de Belo Horizonte, José Maria Alkmin, dirige-se a Estocolmo, juntamente com o Dr. Moacyr Bernardes. Permanece por dez meses no Serviço de Olivecrona, na época considerado a autoridade máxima na especialidade. Retorna a Belo Horizonte no início de 1951, organizando neste mesmo ano, no Hospital Vera Cruz, o primeiro serviço  de neurocirurgia  de Minas Gerais . Em 1952 iniciou o treinamento de neurocirurgiões, sendo seus primeiros discípulos  José  Gilberto de Souza e José de Araújo Barros, que posteriormente se tornaram chefes de serviços e de escolas  neurocirurgicas de Minas Gerais, sendo, até hoje, professores da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Defendeu, em 1957, sua tese de doutoramento sobre “Tratamentos dos abscessos cerebrais”, na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Foi membro fundador da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Publicou vários  trabalhos, sendo  que em um deles relata o primeiro caso de esquistossomose medular operado no Brasil19. Francisco Rocha é considerado o grande mestre da neurocirurgia mineira por ter sido o primeiro a organizar um  serviço de neurocirurgia e a fundar uma escola neurocirúrgica neste Estado. Trabalhou  intensamente de 1951 a 1988, formando vários discípulos, que exercem a especialidade em diferentes cidades do país. Faleceu em 31 de janeiro de 1998.
José  Geraldo  Albernaz teve sua biografia relatada anteriormente. De 1953 a 1968 exerceu a neurocirurgia em Belo Horizonte, onde organizou o Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da UFMG. Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e seu presidente no biênio 1962-1964.
Pode-se dizer, em conclusão, que Moacyr Bernardes inaugurou a cirurgia neurológica como especialidade em Minas Gerais e que Francisco José Rocha e José Geraldo Albernaz fundaram as duas escolas neurocirúrgicas das quais derivam, direta ou indiretamente, a maioria dos neurocirurgiões mineiros.
 


 

 
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